Yooka-Laylee and the Impossible Lair — Um bom representante do seu gênero
Autoria: Carlos Henrique Gomes
Edição, revisão e adaptação: Júnior Malacarne
Imagens: medium do autor
Yooka-Laylee and the Impossible Lair é um jogo de plataforma no estilo 2.5D desenvolvido pela Playtonic Games e publicado pela Team 17. Lançado em 8 de Outubro de 2019, está disponível para PC, PS4/5, Xbox One/Series e Switch.
Após os eventos do primeiro game, o grande vilão Capital B cria um dispositivo capaz de controlar a mente das abelhas. Com sua nova ferramenta maligna, ele rouba o exército de abelhas da Rainha Phoebee, guarda algumas para si e aprisiona outras em fases espalhadas pelo mundo, apenas o começo de seu pernicioso plano de dominar o Ferreino. Porém, Yooka e Laylee partem em uma aventura para recuperar as abelhas sequestradas e acabar com os planos de Capital B de uma vez por todas. Eles o seguem até o Impossible Lair, seu covil maldito, mas rapidamente são derrotados pelas inúmeras armadilhas do local. Então, a Rainha os aconselha a resgatar as abelhas que foram aprisionadas nas fases para que elas possam ajudá-los nessa missão.
Este é game apareceu como uma forma da Playtonic se recuperar de uma grande decepção que foi seu primeiro jogo, chamado apenas de Yooka-Laylee. Como muitos sabem, o estúdio foi fundado por alguns ex-funcionários da Rare e seu primeiro projeto prometia resgatar a essência de Banjo & Kazooie, que havia sido perdida nas mãos da Microsoft. Porém, apesar de não ser um jogo ruim, passou bem longe do carisma e da excelência do clássico da Rare e muitos perderam a confiança na competência da empresa.
Algum tempo depois é lançado o spin-off Yooka-Laylee and the Impossible Lair, com mecânicas e jogabilidade claramente inspiradas na série Donkey Kong Country, mas agora com uma execução muito melhor, mais carisma e polimento. Mas será que fez o bastante para alcançar a qualidade da melhor franquia de jogos de plataforma da história?
Em primeiro lugar, vamos analisar a estrutura do jogo. Yooka e Laylee começam o game em um Overworld de movimentação livre em três dimensões, muito parecido com o que vimos em Super Mario 3D World, só que com um sistema muito mais profundo e divertido. Nesse Overworld, os jogadores podem explorar novas localidades, desbloquear novas fases e encontrar tônicos, um tipo de modificadores de jogo, ao resolver puzzles no maior estilo Zelda. Aliás, ao começar a explorar o mapa, percebemos que há uma inspiração muito maior nos jogos 2D da franquia do elfo encapuzado do que no game do encanador bigodudo.
Os tônicos, citados anteriormente, podem ser utilizados para modificar as fases que o jogador irá visitar. Eles podem mudar elementos tanto estéticos, como o design dos personagens ou filtros de vídeo nas fases, quanto de jogabilidade, como deixar os inimigos mais fortes ou melhorar habilidades dos personagens. Geralmente, os tônicos que deixam o jogo mais fácil descontam uma porcentagem de quills, a moeda do jogo, no final de cada fase; enquanto os tônicos que deixam o jogo mais difícil dão um bônus de quills.
Todas as fases são em 2D híbrido ou o que muitos chamam de 2.5D. Há um total de 20 fases no jogo, cada uma com 2 variações, e o Impossible Lair, a fase final, totalizando 41 níveis. Ao final de cada fase, o jogador resgata uma abelha do exército da Rainha Phoebee. Cada abelha que o jogador resgatar representa 1 hit a mais que ele pode tomar dentro do Impossible Lair. Ou seja, elas servem como escudos. Se o jogador resgatar 20 abelhas, ele pode tomar 20 hits a mais antes de morrer. E, ao exemplo do que vimos em Breath of the Wild, o jogador pode tentar passar da Impossible Lair a qualquer momento, mesmo antes de tentar passar da primeira fase. Para ser mais justo, é possível passar do Impossible lair durante o prólogo do jogo, mas é necessário uma habilidade absurda e um conhecimento prévio do game.
Anatomia de um bom jogo de plataforma
Para se fazer um bom jogo de plataforma, é necessário 5 coisas: jogabilidade impecável, bom level design, trilha sonora contagiante, desafio moderado e fluidez constante. Vou falar de cada um desses quesitos adiante.
Jogabilidade: Muito boa. Não chega a ser perfeita, como de preferência, mas é muito bem desenvolvida e de fácil aprendizado. Não demora muito até entendermos os “combos” de pulos a forma com que os heróis se movimentam. A física é bem trabalhada e não é tão dura quanto vemos em alguns jogos por aí. No começo é difícil controlar a aceleração e a desaceleração dos personagens, mas quando conseguimos, fica tudo ainda mais interessante
Level design: Realmente muito bom. É um jogo intuitivo, que pode ser punitivo para novos jogadores no começo, mas extremamente prazeroso para jogadores mais experientes. Há segredos espalhados pelas fases em locais muito estratégicos, daqueles que nos fazem sentir super inteligentes quando os encontramos.
Trilha sonora: Alguns podem discordar de que esse é um ponto importante mas, em um game em que morrer faz parte da experiência e a repetição é algo constante, uma trilha sonora ruim deixa tudo muito mais estressante. E ninguém melhor para fazer uma boa trilha sonora de um jogo de plataforma do que o mestre David Wise. O compositor da trilha sonora dos jogos da série Donkey Kong Country também foi escalado para esse game e fez um trabalho original maravilhoso, que não nega que é inspirado nas criações que fez anteriormente com a Rare, mas ainda sim é totalmente original.
Desafio: As fases comuns são bem acessíveis. A maioria dos jogadores vão se sentir abraçados aqui, mas tudo isso muda no Impossible Lair, do contrário não poderia ter esse nome, não é mesmo? A fase final é extremamente desafiadora, mas que garante um sentimento de êxtase na conclusão, dando aquela sensação de “valeu a pena todo o sofrimento”.
Fluidez: o jogo é bem fluido na maioria das fases, mas em outras sofre bastante. Eu o joguei em um Switch, então imagino que alguns desses problemas não são realidade em outras plataformas, mas o jogo poderia ter sido melhor otimizado e polido. Há uma fase em que uma bola de aço te persegue destruindo tudo, que a taxa de quadros cai bruscamente e o jogo dá leves engasgadas que arruinam a vida de um jogador concentrado em pulos precisos e ataques bem feitos. Presenciei alguns bugs que atrapalharam a experiência em alguns momentos.
Tudo isso posto, posso dizer que tive bons momentos jogando este game e fiquei realmente feliz quando o terminei. Meu filho, de apenas 1 ano (na época), adorou a trilha sonora e ficava dançando no meio da sala enquanto eu jogava. Apesar da série DK Country ter voltado com tudo com Returns e Tropical Freeze, Yooka-Laylee and the Impossible Lair não chega a ser tão bom quanto a série da Nintendo, mas faz um bom trabalho para um estúdio que mostra uma grande evolução em seu segundo jogo lançado oficialmente no mercado (até então).
Prós: Divertido, ótima jogabilidade, trilha sonora composta por David Wise, bom humor, prato cheio para jogadores que gostam de explorar e fazer puzzles simples e um grande representante da categoria de jogos de plataforma.
Contras: Mal otimizado, especialmente na versão de Nintendo Switch, e poderia ter sido polido melhor.
Nota: 83 | Uma ótima pedida para fãs do gênero
Artigo publicado originalmente em: Yooka -Laylee and the Impossible Lair — Um bom representante do seu gênero | by Carlos Henrique Gomes | Medium
Comentários (0)
Deixe um comentário