VÍDEOGAME: UM COLECIONADOR DE MEMÓRIAS

Quem foi criança ou adolescente na década de 90, lembrará com carinho de várias coisas que trazem a memória cenas e sentimentos de uma época dourada e significativa. Poderíamos lembrar com facilidade de desenhos como Os Cavaleiros do Zodíaco, Dragon ball, Yu yu Hakusho, Power Rangers, os desenhos e seriados da tv cultura, dentre eles o Castelo Rá-Tim-bum e Mundo da Lua. Poderíamos lembrar também de filmes inesquecíveis como Esqueceram de Mim, Exterminador do Futuro 2, Jurassic Park etc. Entre os brinquedos, quem não teve os bonecos dos Power Rangers ou o famoso Tamagotchi ou até mesmo os colecionáveis mini craques da Coca-Cola? Mas em minha história nada foi tão marcante quanto os videogames, especialmente o Super Nintendo e sua vasta coleção de jogos. Para mim e tantos outros esta é a expressão máxima da nostalgia dos anos 90.

Lembro-me que meus primeiros contatos com o Console foi na casa do meu padrinho Deive, quando o observava jogar Super Mario, nessa época eu deveria ter aproximadamente 5 anos. Passado algum tempo, depois que meu pai viu o quão maravilhado eu havia ficado, ele resolveu me presentear com um Snes. Esse dia é marcante para mim e não esqueço aquela manhã, onde eu assistia Tv e meu pai chegou em casa acompanhado do dono da loja Formigames, eles entraram com aquela caixa grande e toda ilustrada e foram direto para a TV instalar o game. Eu, cheio de alegria, quase não pude esperar para testar. Os jogos que acompanharam o videogame foram Super Mario World e Papa-léguas (Road runner death valley rally), os quais meu pai,  empolgado, também jogava e tenho boas memórias de jogarmos juntos naqueles primeiros dias.

Meus primos Renan e Mateus também ganharam um Super Nintendo, e foi na casa deles que conheci uma variedade de jogos e colecionei grandes momentos. Quase todas as tardes, depois da aula, nos reuníamos, junto de nosso amigo Samuel, para assistirmos Dragon Ball, brincar na rua de bolinha de gude e jogar bola, mas a melhor parte era quando a mãe dos meninos deixava ligar o Super Nintendo, ali nessas tardes pude conhecer Street fighter 2, Mortal kombat 1,2 e 3,Rock’n Roll Racing, Final Fight 3, Tartarugas Ninja, Sunset Riders, Top gear, e vários outros. Em nosso bairro havia uma locadora de cartuchos e quando conseguíamos um dinheirinho íamos lá alugar algo diferente, mas o mais comum era pedir emprestado aos outros amigos do bairro. Nessa época, dentre tantos conhecidos e parentes, todos que tinham videogame, tinham o Super Nintendo, nós não tínhamos o conhecimento da famosa “guerra dos consoles” entre Nintendo e Sega, pois o domínio em nossa região era da Big N, hoje lamento não ter desfrutado de tantos jogos bons do Mega Drive.

Meu pai sempre fazia questão de nos presentear no Aniversário e no Natal, e essas datas eram aguardadas por mim com ansiedade, porque sabia que poderia ter um cartucho novo, e os que foram mais marcantes foram Super Star Soccer Deluxe e Dragon ball Z: Super Butoden 3, ambos cartuchos originais e novos dentro da caixinha, até do cheiro me recordo. No início dos anos 2000, fiz 2 grandes amigos, o Ricardo e o Alexandre, com quem também pude me divertir bastante. Conheci o Alexandre primeiro e me lembro de ir a casa dele jogar Super Nintendo, nessa época o pai dele trabalhava em Belo Horizonte e sempre trazia um cartucho novo, nossos preferidos eram Dragon Ball Super Butoden 2, a hack do Futebol brasileiro 98, Disney Magical Quest 3, mas o que marcou mais foi um cartucho que ele pegava emprestado com o vizinho, era o top gear 3000, esse foi incrível porque além de ser corrida no espaço podíamos customizar o carro desde as cores até o motor, o barulho dos carros até hoje me impressiona. Já o Ricardo conheci jogando bolinha de gude na rua, e depois me lembro de ir até a casa dele jogar futebol de botão, como era incrível e emocionante (rs), mas um tempo depois ele também ganhou um SNES e o que mais jogamos foram os jogos de futebol, especialmente as hacks do Ronaldinho 96 e 98.

Meus pais e os pais do Ricardo tinham uma coisa em comum, só nos deixavam jogar bola e videogame, se cumpríssemos os deveres da escola e as tarefas de casa, como ajudar a olhar os irmãos menores, a varrer o quintal e arrumar a cozinha, então nos dedicávamos a isto. Muitos vão se lembrar do racionamento de energia em 2001, nesse período foram muitas vezes que eu ficava horas ajudando nas tarefas para ter o direito de jogar 15 ou 30 minutos de vídeo game no dia, minha mãe ficava de olho conferindo o consumo dos watts no relógio (kkk).

Com o passar do tempo o Alexandre ganhou um Playstation 1, e fui convidado para jogar com ele, quando ele ligou o videogame e rodou aquele tema de abertura foi algo marcante, mas nada superava a emoção de jogar o Winning Eleven. Foi marcante ver aquele salto gráfico e aproveitamos bastante. Nessa mesma época tive meus primeiros contatos com os jogos de PC, meu pai havia comprado um pc antigo, com windows 95 e depois acabou trocando por outro um pouco melhor que rodava Windows 98, joguei muito Paciência e Campo minado e adorava mexer no Windows Media Player. Uma vez me reuni com alguns colegas de sala em uma biblioteca pública para fazer alguns trabalhos, a Internet era novidade ainda, Poucos a tinham em casa, e estávamos conhecendo o Google. Aquelas máquinas já estavam com Windows XP e tinham mais capacidade, me lembro de jogar pinball 3D e f icar impressionado e no outro dia levar um disquete para tentar copiar o jogo e levar para minha casa, mas na verdade só copiei o atalho, para minha decepção. Certa vez fui á casa de outro amigo de escola e ele tinha um PC poderoso já com placa de vídeo, ali me apaixonei novamente, quando pude jogar The Need For Speed Underground, e prometi para mim mesmo que um dia teria um Computador daqueles.

Passado algum tempo o pai do Alexandre estava vendendo o Ps1 para migrar para o Ps2, aí fui tentar convencer meu pai a me dar o game, com muito custo consegui convencê-lo. Foram muitas horas jogando a Master Liga do Winning Eleven jogando sozinho, mas também era bom levar o console para a casa do Ricardo e jogar com nosso amigo Lawrence, que por sinal ganhava de nós dois de lavada. Fui conhecer o Playstation 2 do Alexandre, fiquei empolgado, e jogamos muito os jogos de futebol, mas não tive tanto contato com outros jogos. Era comum no bairro chamar os garotos para fazer campeonatos, nem sempre eu jogava, mas só de estar ali assistindo já era muito bom.

Não me lembro o ano exato quando meu pai comprou um PC novo, mas sei que a primeira coisa que vinha a mente eram os jogos, mas me decepcionei novamente quando descobri que ele não tinha entrada para placa de vídeo, então jogos pesados não rodariam, o jeito era desfrutar com o que podia. Então, indo a casa de amigos conheci Worms 2, Commandos Behind Enemy Lines, Age of Empires 2, Strong Hold Crusader, Roller Coaster Tycoon e o Fifa 98. Outro jogo que me encantou foi Warcraft 3, mas esse não consegui rodar, mas joguei muito na casa do Alexandre quando ele ganhou um PC. todos esses joguei horas e horas, inclusive meu irmão Guilherme que tinha 4 ou 5 anos na época ficava olhando e aprendeu a jogar Worms, ele ficava no meu pé e sempre que eu ia jogar, lã estava ele querendo matar umas minhocas. O jogo rodava somente com o CD inserido no gabinete, então de forma natural ele se desgastou, e quando o jogo parou de funcionar, minha mão quase me bateu achando que fui eu que estraguei só para meu irmão não jogar, mas ainda bem que um amigo explicou para ela que o desgaste era comum devido ao uso. Enquanto jogava no PC, meu Super Nintendo ficou guardado, quase esquecido, então, não me lembro o motivo, mas decidi que iria vende-lo com todos os meus cartuchos e comprar um PS2, meu pai não aceitou, e permitiu que eu vendesse apenas os cartuchos, mas o console deveria ser guardado na caixa. Fiz o negócio na loja, mas em pouco tempo me arrependi e a tristeza bateu quando me lembrei dos meus cartuchos, que eram muitos e carregavam lembranças, mas ao mesmo tempo fui grato pela decisão do meu pai em guardar o SNES. Meu irmão acabou aproveitando mais esse videogame do que eu.

Em 2009, eu consegui um trabalho, então guardei meus primeiros salários afim de cumprir o que eu havia dito a mim mesmo sobre montar um computador potente, então realizei aquele sonho no mesmo ano, matei minha vontade de jogar Warcraft 3 e tive oportunidade de jogar outros jogos, principalmente o PRO EVOLUTION SOCCER 2009.O Ricardo não ficou para trás, e também conseguiu um PC melhor, e foram várias jogatinas a noite, durante a semana e também aos sábados, daí jogamos até o PES 2013, que foi o jogo de futebol mais jogado na minha vida e foi digno do Ricardo até comprar uma TV nova. A partir de 2014 migramos para a série FIFA devido ao realismo do jogo, e jogamos desde o FIFA 14 até o 22. Em todo esse tempo foram muitos churrascos e campeonatos, mas devido as responsabilidades e circunstancias foram ficando mais escassos. Nesse período joguei muito os jogos da série Age of Empires, Call of Duty, e também pude compartilhar bons momentos com outros amigos, especialmente o Kênio que sempre que conseguimos um tempinho, marcamos para jogar jogos de estratégia e bater um bom papo.

Hoje, em pleno 2025 quando escrevo esta história, sou casado desde 2014 com minha bela esposa Dayane e sou pai da Cecília e do Heitor, a Cecília de 8 anos é apaixonada por jogos desde os 3, jogamos juntos vários jogos do SNES, especialmente MAGICAL QUEST 2 E 3, Sonic e alguns jogos do Lego no PC. O Heitor está com 4 anos e está aprendendo a jogar também, ele gosta dos heróis da Marvel e DC, então jogamos INJUSTICE 2 e ULTIMATE MARVEL VS CAPCOM. Infelizmente não tenho mais a presença do meu pai desde 2016, mas como ele mesmo disse antes de partir “Que fiquem as boas lembranças”, é dessa frase que me lembro toda vez que olho para meu incrível SUPER NINTENDO, que para mim sempre será mais que um Vídeo Game, mas um portal para um mundo cheio de boas recordações e alegrias. Agradeço a Deus por ter vivido tantas coisas boas, tudo isso me faz recordar algumas passagens da Bíblia, dentre elas Eclesiastes Capítulo 3, quando aprendemos que há um tempo para todas as coisas nesta vida, inclusive para jogar com os amigos e se divertir, mas também de cumprir nosso propósito. Nossa vida como dito em Tiago 4:14 é como um vapor, que dura um pouco e depois se desvanece, e como em todo jogo existe um Game Over para todo homem ( Hebreus 9:7), que saibamos viver as “fases” da nossa vida lembrando de que : DEUS AMOU O MUNDO DE TAL MANEIRA QUE DEU SEU FILHO UNIGÊNITO PARA QUE TODO AQUELE QUE NELE CRER NÃO PEREÇA, MAS TENHA A VIDA ETERNA (JOÃO 3:16)

Nota do editor: algumas imagens deste post são meramente ilustrativas. Exceto a primeira, do Super Nintendo do Bhelione, firme e forte até hoje, e a última de sua bela e preciosa família.


Comentários (1)

Bhelione

04 Setembro, 2025
Agradeço a Deus e ao Pastor Luiz Miguel a oportunidade de poder compartilhar boas memórias e parte da minha vida...vídeo game é muito mais que um simples jogo, é uma ferramenta de lazer e união que abre portas entre familiares e amigos, além de produzir memórias inesquecíveis.

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