Viajando pela história e pelas culturas através dos... jogos beat 'em up!

Autoria: Sammis Reachers

Edição: Júnior Malacarne

Imagens e Publicação Original: blog Azul Caudal (acesse aqui)

 

    O universo dos beat 'em ups, os nossos queridos, queridíssimos jogos de "andar e bater" ou "briga de rua", pode ser uma boa oportunidade de adentrar, ainda que pelo poder do murro e da espada, a outras culturas e períodos históricos - e aprender enquanto você se diverte! Aqui, um pouco sobre a origem e o embasamento histórico e literário de três desses jogos que, embora analisados em suas versões para arcade, tiveram ports para diversas plataformas.

 

Knights of the Round

 



A história do Rei Arthur é vivenciada em grande estilo

no game Knights of The Round

 

    No bem conhecido Knights of the Round (Capcom, 1991), desembarcamos nos anos iniciais da Idade Média, fins dos séculos V e VI d.C., assumindo a luta do Rei Arthur e sua Távola Redonda contra os saxões e outros inimigos. Uma luta alimentada por lâminas: além da encantada Excalibur, temos o machado do forte Percival e a espada com ares de cimitarra do charmoso Lancelot. O game, de grande beleza e característicos (e inesquecíveis) efeitos sonoros, encantou mais de uma geração. Eu era uma criança quando o vi num dos primeiros fliperamas em que entrei e aquilo, como diriam os antigos, calou fundo em minh'alma. De quando em quando o jogo mais uma vez, o que não faço comumente com outros do gênero...

    Até hoje não se sabe se o Rei Arthur realmente existiu; sua lenda proliferou no final da Alta Idade Média, a partir do século X, em obras como Anais de Gales, ou na História dos Reis da Bretanha, de Godofredo de Monmouth, revivendo - com variações, invenções e ampliações - ao longo de muitos séculos e até os dias (e jogos) atuais, pelas mãos dos mais variados autores.

 

Warriors of Fate (Capcom, 1992) 

 



Warriors of Fate é um beat ‘em up baseado na grande

obra chinesa “Romance dos Três Reinos”

 

    É baseado numa histórica mítica (meio fato, meio lenda) chinesa. A narrativa é relatada no imenso Romance dos Três Reinos, obra chinesa do século XIV, de autoria do dramaturgo Luo Guanzhong (e no mangá Tenchi no Kurau), e que já rendeu muitos jogos. Em Warriors of Fate você assume os punhos e lâminas de nada menos que cinco guerreiros/generais lendários, que precisam defender a China num tempo de divisões e conflitos entre senhores feudais. O jogo possui cenários e sistema muito parecidos, ou derivados, de Knights of the Round, mas aqui o ano baila pelas cercanias de 180/280 d.C., e a antiga cultura chinesa, com seus objetos, armas e paisagens, dá o tom. Os cinco personagens (já algo inusual nos beats) possuem golpes variados e amplos, sendo um dos muitos pontos fortes do jogo. A narrativa de fundo entre as versões japonesa (original) e americana muda, algo tão comum quanto sem sentido na época. Eram os tempos da Barbária! No somatório, este jogo entra no TOP 3 dos melhores beat 'em ups de toda a velha guarda. Se nunca jogou, já deu tempo!

    Warriors of Fate é um tipo de continuação do game Dynasty Wars (1989), um esquisito beat 'em up/shooter a cavalo, e que não lembra em quase nada o irmão mais novo. De toda forma, se está à toa, vá lá tomar umas flechadas.

 

Arabian Magic (Taito, 1992)

 



A cultura árabe é muito bem retratada em Arabian Magic

 

    Um jogo pouco conhecido dos aficionados de beat em ups, pois não foi comum nos fliperamas por aqui. Agora desembarcamos na Mesopotâmia, ou melhor, em toda a extensão do Oriente Médio mítico. Toda a riqueza visual da cultura islâmica pode ser vista nos cenários e imagens. Por ser usualmente contrário a representações pictóricas de seus personagens, o Islã desenvolveu uma arte toda especial, baseada em traços artísticos geométricos e abstratos (por isso chamados de "arabescos"), e tal arte de grande beleza pode ser vista em muitos dos cenários do game. O jogo possui a pegada de As Mil e Uma Noites, a imensa coleção de narrativas árabes e sul-asiáticas compiladas a partir do século IX d.C., e de onde vieram, por exemplo, Aladin, Simbad o Marujo e Ali Babá e seus Quarenta Ladrões. Inimigos formidáveis, lâmpadas mágicas e seus gênios, tapetes voadores, armadilhas... A imersão é total. A cada grande chefão vencido (na verdade libertado) você passa a poder utilizá-lo em invocação (é o especial do jogo) nas próximas fases, que avançam até que você logre libertar o seu rei, que fora transformado num macaco.

    Na mesma linha de temática da antiga Arábia, e do mesmo ano (1992), temos o beat 'em up Arabian Fight, da Sega. Vale também a sua conferida.

 

    E aí, você sabe de mais algum beat 'em up que se enquadraria em nossa lista? Tem que ser retro e tem que ter rolado em arcades. Se souber, comente aqui!


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