Os Fantasmas se Divertem?

    Olá meus amigos. Nostalgia é o que não falta aqui no blog! E nada mais nostálgico do que ver a notícia de lançamento, depois de um longo tempo, de um game ou filme que jogávamos ou assistíamos na infância. E eu tive uma sensação muito nostálgica quando li o anúncio de uma continuação do filme “Os Fantasmas se Divertem” (sim, eu sei que a criança da quinta série dentro de você falou “Bezouro-Suco” três vezes!).




Recorte de um cartaz do filme “Os Fantasmas se Divertem”, de 1988.


    Nas duas ocasiões dirigido por ninguém mais, ninguém menos, que Tim Burton, o primeiro filme é de 1988 e a continuação está marcada para sair em 2024 (36 anos depois!). Eu achava esse filme hilário, especialmente algumas cenas como a da música da banana, a própria cena quando “invocam” o Bettle Juice, ou quando a cabeça dele fica minúscula no final do filme kkk. “Os Fantasmas se Divertem” é mais uma das várias tentativas da cultura de fazer uma incursão mais leve e divertida sobre os clássicos temas sobrenaturais e sombrios de terror (como os fantasmas) explorados de forma tão assombrosa tradicionalmente.


    Mas com uma incursão diferente assim, podemos parar para pensar: Por que a existência de algo sombrio na cultura para nos perturbar e assombrar desse jeito? Será que é por cinismo? Será que os fantasmas realmente se divertem ao nos amedrontar? Um detalhe talvez ajude a responder essas nossas questões: os fantasmas são “substâncias” do passado. Muitas vezes do nosso próprio passado. Ou melhor: de vários aspectos do nosso passado.


    Mas calma pessoal! É bem claro que estou falando aqui de metáforas! Fantasmas não existem de fato e de verdade. Mas são uma criação da imaginação humana, que é muito explorada na literatura, no cinema, nas animações, na cultura popular e… nos games!


Boo!


    Sim, a arte em geral, e os videogames em particular, além de nos oferecem deslumbramento e diversão, também costumam nos oferecer ricas metáforas que nos trazem importantes lições para a nossa vida. E você, consegue lembrar de algum fantasma famoso no mundo dos games para elencarmos aqui?


    Quando eu penso em fantasmas nos games, não tem jeito: os primeiros que me vêm a mente são os fantasminhas do Super Mario, conhecidos como Boo e Big Boo que, depois de assombrarem alguns castelos e fortalezas, resolveram perturbar o mundo de Super Mario World com a sua própria “Casa Fantasma”.


    Que cena clássica (e cartunescamente medonha) aquela em que nosso herói bigodudo para em frente a porta da Ghost House, olha para cima, (respira…) e resolutamente adentra para encarar o seu desafio. O que o espera? O mistério. O que o aguarda? O assombro. Mas é algo que ele não pode deixar de encarar. E detalhe: se o seu fiel escudeiro Yoshi o acompanha até ali, ele deve o deixar do lado de fora para lidar sozinho com os fantasmas que o aguardam.




Mario de frente para a Ghost House, no início de cada fase da Casa Fantasma no jogo “Super Mario World”


    E então temos diversas situações possíveis dentro das casas fantasmas. Há momentos de silêncio e tensão. Há momentos de aparente solidão. Há momentos de caos com inúmeros fantasmas te encurralando. Há momentos em que eles parecem que estão zombando da cara do nosso herói. Há momentos em que os fantasmas estão apenas aguardando Mario dar as costas a eles para então o perturbar. E depois de encarar a aventura de frente, enfrentando os seus possíveis medos, enfim ele encontra o final da fase e o tão esperado alívio. Valeu a pena não fugir e encarar… os fantasmas do passado.


Os Fantasmas das Emoções


    Das metáforas que podemos extrair ou aplicar nessa aventura fantasmagórica de Super Mario Wolrd e demais histórias com fantasmas de nossa cultura, uma que vejo muito pertinente são as situações em que vivemos no nosso passado que possam porventura ter nos marcado negativamente. Então nossas emoções acabam se rendendo aos traumas do passado, às frustrações mal-entendidas e mal-resolvidas, a alguma palavra dura ou agressão sofrida por alguém que amávamos e que era nossa referência, ao excesso de cobrança, à falta de carinho e afeto, e por aí vai. E de fato parece que essas memórias são fantasmas do passado para nos perturbar e nos paralisar no presente, muitas vezes. Muitas vezes não conseguimos discernir a sua “forma” (assim como os fantasmas geralmente não tem uma forma tão definida nos filmes, desenhos ou games), e pelo medo e incômodo não conseguimos encará-los e acabamos fugindo deles, não resolvendo algo pendente que tanto nos atrapalha a agir e a tomar decisões no presente.


    Isso tudo é algo estritamente emocional. Não estamos falando de nada sobrenatural aqui neste momento. Quem já passou por psicoterapia ou aconselhamento sabe como é a sensação de recobrar o fôlego e ter autoconhecimento e lucidez para lidar com os acontecimentos do passado, assim como nosso herói Mario faz diante da Ghost House e não deixa de encarar os fantasmas que estão ali para o assombrar. Interessante que assim como no jogo, se virarmos as costas para os “fantasmas do passado” eles irão atrás de nós. Se os ignorarmos eles continuarão a nos perturbar em nossas emoções, ainda que não admitamos ou percebamos. Mas se buscarmos nos conhecer e os encararmos e lidarmos com eles poderemos vencer o seu assombro, vendo-os paralisarem e pararem de nos perturbar, como no jogo os fantasmas param de nos perseguir se estamos de frente para eles (ainda que às vezes eles tentem cassoar de nós, como alguns fantasminhas fazem se você ficar muito tempo olhando de frente para eles).




Mario dentro da Casa Fantasma encarando os fantasmas Boo e o grande Big Boo


    No momento estamos no chamado “Janeiro Branco”, o mês de conscientização para o cuidado com a saúde emocional. Quero deixar aqui um encorajamento a você que busque ajuda em alguém de confiança que seja um bom profissional de saúde mental, caso algum “fantasma do passado” (no sentido figurado que estamos abordando aqui neste artigo) esteja perturbando o seu presente e você não consiga lidar bem com essa situação.


Os Fantasmas do Pecado


    Mas há um outro aspecto da metáfora também que queremos abordar que é o aspecto espiritual.


    O compositor do Salmo 25 diz a Deus no verso 7, como que em uma oração: “não te lembres dos meus pecados da mocidade, nem das minhas transgressões. Lembra-te de mim, segundo a tua misericórdia, por causa da tua bondade, ó Senhor”. Apesar de ele estar buscando a Deus e confiar nele no presente (versos 1 e 2a), parece haver um certo temor de que os seus pecados do passado pudessem ainda macular sua relação com Deus. Não duvido da confiança do salmista em Deus, e estou certo da sua consciência sobre seu estado pecaminoso e confiança na bondade de Deus, mas entendo que o inimigo de nossas almas, chamado de Acusador, pode querer usar o nosso passado para nos acusar e tentar no perturbar.




Mario encurralado pelos fantasmas dentro da Ghost House


    Não importa como tenha sido o seu passado. Quero te lembrar que você pode recobrar o fôlego e alegria, e como no game do Mario, pode olhar para cima (para Deus, em sua bondade e misericórdia) e então lidar com o seu passado com confiança na graça de Deus, sem deixar que o seu passado te perturbe.


    Pode confiar na Palavra de Deus pois ele é fiel:


Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:9).


Agora, pois, já não existe nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus” (Romanos 8:1).


Porque o salário do pecado é a morte, MAS o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus” (Romanos 6:23).


    Portanto, busque se conhecer e obter ajuda para lidar com as suas memórias perturbadoras do passado. Confesse seus pecados a Deus e confie no seu perdão. Assim você não estará dando as costas para os fantasmas, mas encarando-os de frente e eles não mais se divertirão perturbando você.


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