Axiom Verge — Um mais profundo tributo a Metroid

Autoria: Carlos Henrique Gomes

Revisão  e Edição: Júnior Malacarne

Imagens e Postagem Original: Medium do autor.

 

    Axiom Verge é um jogo de ação e aventura com exploração no estilo metroidvânia desenvolvido e publicado independentemente pela Thomas Happ Games. Lançado em 31 de Março de 2015, está disponível para PC, PS4/5, Xbone One/Series, Switch e Wii U.

 


 

    Após uma explosão em seu laboratório, um cientista chamado Trace acorda dentro de uma estranha máquina em um ainda mais estranho planeta. Desorientado e confuso, Trace começa a ser guiado por Elsenova, uma entidade que ele ainda não sabe de onde vem ou quais suas intenções. Sem muitas escolhas, o cientista passa a explorar o perigoso planeta Sudra em busca de respostas e de um caminho de volta para casa.

 

    É quase impossível jogar alguns minutos desse game e não imediatamente lembrar de Metroid. Em tudo, desde a direção de arte até a exploração do mapa, podemos notar a clara inspiração no clássico da Nintendo. Porém, diferente de outros jogos indies que bebem da fonte de outros clássicos, Axiom Verge não usa essa familiaridade como uma muleta para não inovar. Pelo contrário, aqui podemos encontrar um enredo simples, sem muitas firulas ou reviravoltas, mas interessante e bem contado. Podemos dizer que o plot do jogo é até mesmo previsível, mas mesmo assim consegue encantar e empolgar.

 


 

    A ambientação do game também remete muito aos territórios explorados por Samus, mantendo um bom nível de variedade de biomas, puzzles e inimigos. O clima de mistério está sempre presente no game e por vezes o jogador pode se sentir intrigado com um detalhe no mapa ou uma mudança repentina no ritmo da trilha sonora. Tudo isso prende atenções e nos dá mais vontade de explorar este estranho mundo.

 

    Como já citado, a exploração do cenário se dá ao estilo metroidvania, ou seja, podemos esperar fazer muito backtracking, revisitando locais já explorados em busca de passagens secretas ou localidades antes inacessíveis. Aqui, podemos citar alguns problemas. Apesar do mapa ser bem desenhado e com habilidades relevantes bem distribuídas, esse gênero de game demanda uma navegação impecável pelo mapa e boas recompensas pela curiosidade do jogador e isso nem sempre acontece, a visualização do mapa é confusa e encontramos vários becos sem saída durante a gameplay.

 


 

    O que nos leva a falar do combate extremamente refinado a que somos apresentados. Num estilo mais parecido com Contra ou Bionic Comando, as batalhas são travadas principalmente com projéteis disparados de uma grande arma que Trace carrega consigo. Novos tipos de projéteis ou funcionalidades para a arma são encontrados espalhados pelo cenário.

 

    O combate é bem fluido e desafiador na medida certa, punindo jogadores relaxados e recompensando aqueles mais atentos nas estratégias de luta. Porém, as modificação para a arma são de uma variedade desnecessariamente grande. Muitas delas são similares a outras e não oferecem uma grande vantagem estratégica. Provavelmente, o jogador vai usar 2 ou 3 dessas opções durante o jogo inteiro, sendo que a modificação mais útil e legal do jogo inteiro é encontrada bem no late game, quase apenas para derrotar o último boss.

 


 

    Alguns novos equipamentos são desbloqueados, todos eles permitindo novas maneiras de explorar o mapa e, esses sim, são muito legais e satisfatórios de se encontrar, pois podemos perceber uma evolução palpável no personagem, que se faz valer desses itens não só para abrir novos caminhos mas que também o ajuda nos combates e nas mais simples tarefas como andar e pular pelas plataformas do mapa. Por outro lado, conforme Trace adquire mais e mais recursos, o mapeamento de botões começa a ficar confuso e frequentemente induz o jogador ao erro.

 

    Falando da batalha final, posso dizer que foi bem decepcionante, dada toda aura mística que o roteiro põe sobre o antagonista. Apesar de possuir mecânicas interessantes, ela foi extremamente fácil, rápida e com um desfecho quase anticlimático para toda a lore do game. Penso que, talvez, isso tenha sido proposital para deixar um gancho para a sequência desse game, já lançada na data da publicação original dessa análise, mas não deixa de ter um nível abaixo do esperado mediante a ótima experiência de gameplay proporcionada. Aliás, posso dizer que todas as boss fights foram bem ruins, com chefes facilmente exploitáveis e com uma inteligência artificial muito abaixo da média de outros inimigos do jogo.

 


 

    Apesar de algumas decisões questionáveis de game design, nada além de elogios podem ser dados para a direção de arte do game, com uma ótima trilha sonora, pixel art impecável e level design muito bem executado. Não experenciei nenhum tipo de bug, crash ou frame drop, o que faz deste game praticamente impecável tecnicamente.

 

    Apesar de me sentir incomodado com algumas decisões do Happ, único desenvolvedor do game, posso dizer que este game me deixou extremamente preso e viciado, a ponto de me fazer interromper a minha gameplay de um dos melhores RPGs já feitos... Não é perfeito, mas ainda é uma ótima pedida a fãs de Metroid, metroidvanias e histórias sci-fi interessantes.

 

Prós: Ótima pixel art, ambientação e exploração.

 

Contras: Final decepcionante, desequilíbrio entre a parte bélica e de habilidades do personagem.

 

Nota: 82 | Muito divertido, embora imperfeito


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