Recentemente publiquei um artigo sobre pirataria. Nele, eu me posiciono contra a prática que, embora seja conveniente em muitos sentidos, não acho que deveria fazer parte do caminhar de um cristão. É claro que existe uma área cinza enorme em simplesmente definir o que é pirataria, principalmente no que diz respeito a constitucionalidade das leis de direitos autorais e conceito de uso justo; nisso podemos debater e discutir à vontade, mas temos que concordar que um cristão deve ter uma boa reputação perante a sociedade. Podemos ser criticados e odiados por quem somos e por quem servimos, mas nunca por conta de desvios de conduta. (1 Pedro 4:14–16)

Nesse sentido, quem assistiu o vídeo viu que um dos pontos mais relativos da minha argumentação foi com relação aos jogos antigos, até porque a maioria das pessoas entende que baixar no torrent um jogo que acabou de sair na Steam é pirataria, mas o que fazer em relação aos jogos retrô? Afinal de contas, é preciso manter a história dos jogos viva e os da quinta geração pra trás não são mais comercializados… ou será que são?

Ao contrário do que muitos pensam, a grande maioria dos jogos retrô mais relevantes são comercializados oficialmente. Se fizermos uma relação entre todos os jogos lançados antes dos anos 2000 e quantos deles sobrevivem até hoje, obviamente teremos uma minoria de jogos que ainda são distribuídos legalmente, mas a ideia aqui não é falar de todos o jogos já lançados, e sim dos principais, os melhores e mais influentes. Infelizmente, alguns clássicos ficaram esquecidos no caminho, mas podemos dizer que são exceções.

A verdade é que muitas pessoas sequer se dão ao trabalho de procurar no google onde seus jogos favoritos estão disponíveis e, por costume e falta de informações, vão direto no site de roms baixar a cópia. Então, pra facilitar sua vida, eu levantei 6 dicas de como você pode jogar seus jogos antigos favoritos sem precisar a recorrer à pirataria

1. Lojas oficiais

A Steam, maior loja de games digitais do mundo, possui muitos jogos retrô a venda. Basta dar uma pesquisada para se surpreender ao ver que jogos como Chrono Trigger, o melhor JRPG já feito e um dos melhores games do Super Nintendo, está disponível com melhorias na loja da Valve. Outra loja que inicialmente se especializou em resgatar jogos esquecidos no tempo e comercializá-los oficialmente é a Good Old Games, ou GOG, como é mais conhecida. Nessa loja encontramos clássicos de PC como Diablo e Legacy of Kain. Alguns jogos retrô estão disponíveis até mesmo nas lojas de aplicativos de celulares: na Google Play Store, por exemplo, encontramos jogos como Sonic e Dragon Quest que podem ser jogados na palma da sua mão até mesmo dentro do ônibus.

2. Consoles mini

Essa dica, apesar de válida, não é muito acessível já que esses consoles não são baratos e nem fáceis de encontrar. Mas recentemente tivemos uma onda de consoles mini invadindo o mercado, aparelhos de emulação lançados oficialmente por suas marcas que geralmente possuem uma boa seleção de jogos clássicos. Nessa moda, foram lançados aparelhos como o PlayStation Mini, NeoGeo Mini, Mega Drive Mini, NES e SNES Classic, entre outros. Esses emuladores oficiais possuem os principais jogos dos consoles que reproduzem e vale muito a pena dar uma pesquisada na seleção de games licenciados que eles trazem e procurar alguma promoção por aí.

3. Serviços de assinatura

Cada vez mais temos serviços de assinatura de games surgindo. As empresas querem dar uma mordida no mercado do Game Pass oferecendo jogos de forma livre, mediante o pagamento de uma mensalidade. Como o tamanho e qualidade do catálogo é importante para esse tipo de negócio, essas empresas tentam dar uma recheada a mais e sua lista de games disponíveis com grandes clássicos do passado. O próprio Game Pass tem jogos como Banjo & Kazooie e Psychonauts em seu catálogo. Seu mais novo rival, PS Plus Premium, oferece jogos como Syphon Filter, Jak and Daxter, Wild Arms, entre outros. Porém, o melhor serviço de assinatura para quem gosta de jogos retrô hoje em dia é o Nintendo Switch Online, com uma seleção finíssima de jogos de Nintendinho, Super Nintendo, Nintendo 64 e Mega Drive. Os melhores jogos desses consoles podem ser encontrados nesse serviço e é uma grande pedida para quem quer matar a saudade de grandes clássicos como Earthbound, Donkey Kong Country e 007 GoldenEye.

4. Coletâneas

Seguindo a tendência de explorar a nostalgia dos jogadores, muitas empresas lançaram e continuam lançando coletâneas de seus melhores games a franquias. Nesse quesito, nós podemos citar grandes pacotes de games como o Rare Replay, que possui quase todos os grandes clássicos da empresa; Sega Genesis Collection, com uma ótima seleção dos melhores games do Mega Drive, além de um hub muito bem feito. Recentemente também temos lançamentos como o Capcom Arcade Stadium, que serve quase como um marketplace dos jogos de fliperama da lendária empresa japonesa; só pra citar algumas das muitas coletâneas de jogos disponíveis no mercado.

5. Emuladores físicos

Você tem uma caixa de sapatos cheia de cartuchos velhos de GameBoy, Mega Drive mas não tem mais o console ou simplesmente não consegue mais se livrar das maravilhas da modernidade como HDMI e telas OLED? Saiba que você pode comprar consoles que conseguem rodar esses cartuchos no hardware e reproduzir em sua TV ou em aparelhos muito superiores aos consoles para os quais esses jogos foram projetados. Temos, por exemplo, os consoles RetroN em que um único aparelho roda jogos de várias plataformas. Recentemente a marca Hyperkin lançou um aparelho em que você pode rodar cartuchos de GameBoy, desde o primeirão até o Advance, em sua TV. Ele lê os games, trata a imagem e transfere para seu display via cabo HDMI. Lembrando que emulação não é necessariamente pirataria, como exploramos no artigo sobre pirataria. Existem vários outros aparelhos que fazem a mesma coisa, como o Analogue Pocket, por exemplo. Pesquisem mais sobre e vocês vão se surpreender com a quantidade de soluções que existem para retrogamers.

6. Consoles e jogos usados

Decidi deixar essa dica por último porque era capaz de que muitos deixariam de ler o artigo só de ler um “absurdo” desses, mas o fato é que muitas pessoas que tem recursos para investir em consoles e jogos originais retro simplesmente não sabem que existe um mercado ativo disso. Vários amigos, quando vêem meu Super Nintendo ao me visitar me perguntam se eu o tenho desde minha infância e se surpreendem quando eu digo que o comprei recentemente em um grupo de Facebook de retrogamers com quase 100 mil membros. É evidente que essa é a forma mais cara e menos acessível de se consumir jogos clássicos, mas ela existe e muitos não sabem disso. É possível comprar consoles como PlayStation 1 e Nintendo 64 pelo preço de um FIFA no lançamento. Jogos populares como Super Mario World, Sonic e Zelda Ocarina of Time podem ser encontrados por aproximadamente 100 reais se pesquisar bem. É lógico que jogos mais raros e com grande demanda tem preços estratosféricos, mas não é um mercado exclusivos para milionários. É possível encontrar jogos e consoles assim tanto em lojas especializadas quanto em grupos e sites de compra e venda, como Mercado Livre e OLX.

E com isso finalizo as minhas dicas que podem te ajudar a evitar a pirataria. Quero lembrar que eu não estou dizendo que você está em pecado porque baixou um joguinho e nem que eu sou melhor que ninguém por evitar a pirataria. Só quero dar recursos e trazer conhecimento pra quem entende que essa prática não é a melhor coisa do mundo dos games e quer uma alternativa pra simplesmente deixar de jogar seus games favoritos.

Endereço original da postagem: https://medium.com/@videogamesteologia/6-dicas-de-como-jogar-retrogames-sem-pirataria-764d7a4020e9